MÍDIA COMEÇA VER CORRUPÇÃO EM MARACANAÚ – A CORRUPÇÃO VIA BANHEIROS É
NOTÍCIA NO DN
VEJA:
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
LICITAÇÃO
Construções de banheiros
sob suspeita em Maracanaú
24.08.2013
Prefeitura recebeu R$ 2,9
milhões para kits sanitários; os que foram entregues estão em situação precária
Entre os anos de 2003 e 2012, a Prefeitura de Maracanaú, na
Região Metropolitana de Fortaleza, distante 24 Km da Capital, recebeu R$
2.913.468 através de convênios feitos com a Fundação Nacional de Saúde
(Funasa). O objetivo era a construção de 1.520 kits sanitários para melhorar o
serviços de saneamento em residências de áreas carentes. Porém, alguns desses
banheiros nem chegaram a ser totalmente construídos, e outros ficaram bastante
danificados após pouco tempo de uso.
Durante esses anos, foram realizados sete convênios entre o
órgão e o governo municipal, de acordo com o Portal da Transparência do
Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará (TCM). O primeiro deles, em 2003,
tem o valor de R$ 99.981,28. No ano seguinte, a quantia subiu para R$ 111.987,23;
em 2005, foi para R$ 200 mil. Em 2006, foram dois repasses, um de R$ 121 mil,
outro de R$ 1.380.000. Já em 2008, o valor foi de R$ 500 mil assim como no ano
seguinte.
O Portal da Transparência divulgou que, no ano de 2006, uma
construtora foi contratada, por meio de licitação, pela Prefeitura de Maracanaú
para construir 115 kits sanitários, na Colônia Antônio Justa, pelo custo de R$
279.891,12. Mas, os banheiros existentes naquele local foram construídos pelos
seus próprios moradores.
Fernanda (nome fictício), 13, mora na Colônia Antônio Justa e é
mãe há três meses. Ela nunca teve um banheiro de verdade em sua casa para dar
banho em sua filha. Do kit sanitário que deveria ter sido construido pela
Prefeitura, restaram apenas alguns poucos tijolos.
Para que usar o sanitário com alguma privacidade, ela fez uma
espécie de cortina em volta do que deveria ser um banheiro com vários pedaços
de tecido. A descarga do aparelho, comprado pela família e instalado por um
vizinho, é feita ao jogar um balde d´água. Para tomar banho, a solução é a
utilização de uma mangueira.
"Eu não gosto desse banheiro, mas só temos ele por aqui,
então o jeito é usá-lo mesmo. Se eu quiser usar um banheiro de verdade, preciso
ir para a casa de parentes em outros bairros", explicou Fernanda.
Frustração
Quando a construção do sanitário foi iniciada, em 2006, o lancheiro Francisco Regis de Souza Matos acreditou que a situação da sua família deixaria de ser precária. Contudo, de todo o kit sanitário, apenas as paredes foram erguidas.
Quando a construção do sanitário foi iniciada, em 2006, o lancheiro Francisco Regis de Souza Matos acreditou que a situação da sua família deixaria de ser precária. Contudo, de todo o kit sanitário, apenas as paredes foram erguidas.
O banheiro que existe, hoje, em sua casa foi feito somente após
todos os seus parentes juntarem o valor necessário para a construção. "Eu
achava que o novo espaço iria atender as nossas necessidades, mas foi só
ilusão", comentou Francisco Regis de Souza Matos.
A esperança de ter um kit sanitário se tornou uma grande
frustração para a dona de casa Raimunda Neiva da Silva, que mora no bairro
Santo Sátiro. Até hoje, ela não tem um banheiro e é obrigada a "tomar
banho de cuia". "Esse banheiro foi tão malfeito que em pouco tempo
caiu. Parecia que era de areia e barro".
Segundo o superintendente estadual da Funasa, Germano Rocha
Fonteles, a Prefeitura de Maracanaú apresentou em todos os convênios o termo de
aceitação definitivo da obra, feito pelo engenheiro técnico do município,
atestando que todos os kits sanitários estavam feitos. "Encaminhamos o
nosso técnico aos locais e ele constatou a veracidade desse fato. Todas as
melhorias habitacionais foram concluídas e também aprovadas", afirmou
Fonteles.
Ele ressaltou que nenhum problema de execução ou material de má
qualidade foi percebido quando os equipamentos foram entregues. "Nessa
área de Maracanaú, existe um êxodo muito grande, as casas ficam abandonadas e
acontece problemas de furto. Além disso, os próprios beneficiários, quando
mudam de residência, levam telhas, portas, vaso sanitário e pia", destacou
o superintendente da Funasa.
Documentos
A assessoria da Prefeitura de Maracanaú informou que os kits sanitários foram construídos entre 2005 e 2006, sendo entregues e vistoriados pelo governo municipal e Funasa. Os moradores assinaram documentos atestando o recebimento dos kits e que os mesmos estavam em perfeitas condições.
A assessoria da Prefeitura de Maracanaú informou que os kits sanitários foram construídos entre 2005 e 2006, sendo entregues e vistoriados pelo governo municipal e Funasa. Os moradores assinaram documentos atestando o recebimento dos kits e que os mesmos estavam em perfeitas condições.
Em 2006, foi realizado um serviço social onde os moradores
podiam de relatar quaisquer problemas com o equipamento.
Áreas carentes
Espaços improvisados
Para ter alguma privacidade, uma moradora fez uma cortina de
retalhos em volta do que era pra ser o banheiro. A descarga do aparelho,
comprado pela família e instalado por um vizinho, é feita com um balde d´água.
Já para tomar banho, é preciso usar uma mangueira. Na residência de Francisco
Régis de Souza Matos, apenas as paredes do banheiro foram erguidas. Para ter um
sanitário em sua casa, ele e seus parentes tiveram de juntar o valor necessário.
Já no caso de Raimunda Neiva da Silva, a construção foi feita, mas caiu em
pouco tempo. "Parecia que era feito de areia e barro", afirma a dona
de casa
Fotos: Kiko Silva
THIAGO ROCHA
THIAGO ROCHA
REPÓRTER
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